A seguir, o poema Annabel Lee, de Edgar Allan Poe, segundo minha tradução. Para uma excelente versão portuguesa do mesmo poema, consultar a de Fernando Pessoa.
Annabel Lee — Edgar A. Poe Tradução de Bruno Marques Rodrigues Aires Foi há muito e muito um ano atrás, Em um reino à beira-mar, Que uma dama lá vivia, de quem devem recordar Pelo nome de Annabel Lee; E a dama vivia sem outro pensar Que não em ser amada por mim e me amar. Menino eu era, e menina era ela, Nesse reino à beira-mar, Mas amamos com um amor que era mais que amar — Eu e minha Annabel Lee — Com um amor que os alados serafins do céu Nos cobiçaram entre si. E foi por isso que, há muito, Nesse reino à beira-mar, Soprou duma nuvem um vento a gelar Minha bela Annabel Lee; Sua nobre parentela então vi Para longe de mim a levar E num sepulcro a cerrar Nesse reino à beira-mar. Os anjos, no Céu felizes nem metade, Deram a nos invejar — Sim! — foi essa a razão (como toda gente sabe Nesse reino à beira-mar) Porque duma nuvem soprou a lufada que invade, Para minha Annabel Lee gelar e matar. Mas foi o nosso amor tão mais forte que o amar Dos mais velhos dali — Dos mais sábios dali — Que nem os anjos nas alturas do céu Nem demônios nas profundezas do mar Hão de a minha alma apartar Da minha bela Annabel Lee; Pois a lua não brilha sem evocar maravilha Da minha bela Annabel Lee; Nem as estrelas sublimam, mas os olhos cintilam Da minha bela Annabel Lee; E então com a maré do ocaso junto eu jazo À querida — minha querida — minha noiva, minha vida Lá ao seu sepulcro à beira-mar — Ao jazigo à beira do sonoro mar.